06 setembro 2013

Mapinguari, Capelobo e Juma, não; Curupira, sim!



Pois lá no fundo do Amazonas, nas entranhas da BR319, nos encontramos com o Ismael. Isso em 2013, durante nossa Expedição Amazonia.

Filho único de Dona Maria do Vestidão, senhora pequena, magra e forte, dona de uma casa dum lado da estrada e do outro, um igapó absolutamente limpo e delicioso.

Antes de continuar o papo, merecemos um banho, pois sim! “Só tem que cuidar com a sucuri, nos avisa assim que catamos sabonete e toalha e partíamos sedentos pro igapó.

Dona Maria construiu uma capelinha na frente da casa para a sua reza diária e de quem passe por ali, necessitado de fé, ou para os raros aventureiros, feito a gente.

Mael, como é conhecido Ismael, carrega sobrancelhas tipo taturana, preta e vasta numa carinha de pouco sorriso, dentes um tanto maltratados e bigode por vir, é super atencioso e atento. Primeira coisa que pedimos foi conhecer a trilha que era mantida ali para pesquisadores do INPA e para incursões de caça só do Mael. Seu território absoluto e nem poderia ser diferente, veja se não:

“Um dia antes de caçar varro toda a trilha”. Detalhe: são aproximadamente 6 km no meio da Amazonia profunda, como é caracterizada pelos pesquisadores. “Só caço na lua nova, não pode ter luz pro bicho não me ver…” Fizemos a trilha de dia; atravessamos pinguelas improvisadas com troncos roliços, através de miríades de igarapés torcidos, arroios recurvados, caminhos d’água seco, com um, dois ou mais metros de profundidade com até 6 metros de extensão! Às vezes tinha lá um cipó balançando à guisa de apoio, ou um fino galho enfiado no meio para dar um “certo equilíbrio” e rumo antes de alcançar a outra margem. Tudo fechado de floresta… amazônica! Foi suado, confesso.

Teve pinguela que a gente “pulou” - por baixo, claro! - porque seria impossível não escorregar e levar um embaço. Mael, ao ver a gente sofrer horrores para atravessar, de vez em quando ficava preocupado, como também dava risadas às escondidas, ao guiar dois curiosos e despreparados pela trilha que ele sabia de cor e fazia à noite, sem um pingo de luz. Como? Pelo cheiro de trilha limpa e caça perto? Tudo isso e mais.

Bom, na volta antes de sair da trilha sentamos num tronco e tivemos uma conversa reveladora.

Mael nos conta, absolutamente seguro, não acreditar em Mapinguari, Capelobo, Juma… “essas coisas que inventam sem sentido.” Só acredita no Curupira e justifica sem pestanejar: “Curupira é o protetor da Floresta e dá uma ‘pisa’ em quem caça por maldade.”

“Bicho com um olho na testa? (ri, engraçado) fica difícil acreditar em alguém assim ou com boca no estômago; mas, pé pra tras, ah... isso pode sim, pra enganar caçador que quer judiar dos bichos, caçar pra vender, ganhar dinheiro, esse apanha mesmo e tá certo, tem que apanhar... Se mata a caça a toda hora e vende, ele (o Curupira) dá uma ‘pisa no cara’ (...) Eu acredito que tem esse tal de caboclinho, sim.”

Depois a conversa vai para o Juma, uma entidade gigantesca do imaginário popular, da estirpe do Mapinguari, que come os pedaços das pessoas, segundo nosso amigo Mael. Mas ele não acredita nisso, não, e ri de lado…

Juma é o nome de um povo originário habitante do Alto Tapajós que migrou para o rio Madeira; mas também um dos nomes do Mapinguari, conhecido também como Pé-de-garrafa ou Mão-de-pilão.

Enquanto conversávamos com Mael, sons e cheiros desse pedaço profundo da Amazonia rodeavam e nos faziam perceber um mundo gigantesco. O canto das aves seria uma trilha sonora perfeita para um filme, antes que a BR319 fosse novamente asfaltada e os poucos moradores perdessem para sempre a crença em protetores da floresta.

Como estará hoje a mulher que nos recebeu de portas abertas e panela no fogo, com seu filho caçador e a capela pronta para a reza do dia? Afinal, a BR319 parece que está prestes a ser vestida com capa e espada…


MAPINGUARI

Mapinguari (ou Mapinguary) seria uma criatura coberta de um longo pêlo marrom avermelhado vivendo na Floresta Amazônica. Segundo povos nativos, ao perceber a presença humana, fica de pé (possivelmente pronto para o combate ou para a fuga) e alcança facilmente dois metros de altura. Ainda segundo outras lendas, seus pés seriam virados ao contrário (o que demonstra a confusão da sua lenda com a do Curupira, outra entidade do folclore brasileiro), suas mãos possuiriam longas garras e a criatura evitaria a água, tendo, sob a espessa pelagem uma pele semelhante a de um jacaré.

O Mapinguari também possuiria um cheiro forte e desagradável, semelhante ao exalado por um gambá. Esse mau cheiro faria com que sua presa ficasse aturdida, o que permitiria ao ser apanhá-la com considerável facilidade. Conta-se também que a bocarra do Mapinguari abriria-se amplamente, indo da face até o abdômen, liberando também um forte odor.

Caçadores do lago do Badajós no estado do Amazonas, afirmaram ter atirado em uma suposta fêmea (por possuir seios cobertos de pelo) que teria antes atacado um deles. Porém, mesmo ferida, ela teria atraído a atenção de outro exemplar através de urros altos. Seria um suposto macho corpulento de aproximadamente uns 2,5 m de altura, que estaria vindo em defesa da fêmea e tentando atacar o grupo que teria conseguido fugir numa canoa.

Segundo o relato, a criatura não entrou na água para persegui-los e teria ido embora com a sua fêmea ferida. Esta história, supostamente aconteceu em 1967 em Tefé. Quem contou esta história foi o senhor José Lima, nativo da floresta, que hoje mora em Manaus. De acordo com este teórico avistamento, a criatura se assemelha muito ao Sasquatch, o Pé-Grande, que se acredita viver algum lugar na América do Norte.  
 
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapinguari)


CURUPIRA

O Curupira gosta de sentar na sombra das mangueiras para comer os frutos. Lá fica entretido ao deliciar cada manga. Mas se percebe que é observado, logo sai correndo, e numa velocidade tão grande que a visão humana não consegue acompanhar. "Não adianta correr atrás de um Curupira", dizem os caboclos, "porque não há quem o alcance".


A função do curupira é proteger as árvores, plantas e animais das florestas. Seus alvos principais são os caçadores, lenhadores e pessoas que destroem as matas de forma predatória.
Para assustar os caçadores e lenhadores, o curupira emite sons e assovios agudos. Outra tática usada é a criação de imagens ilusórias e assustadoras para espantar os "inimigos das florestas".


(Fonte: http://lendasdobrasil.blogspot.com.br/2010/10/lenda-do-curupira.html)




JUMA

Os Juma, inimigos míticos dos Jarawara, invadiram inesperadamente a aldeia e mataram todos para comer, pois eram canibais. Apenas uma jovem escapou e para não ser pega, colocou o seu sangue menstrual em uma flecha e em sua axila, e fingiu-se de morta. Um homem Juma, passando, reparou na beleza da menina e pensou consigo mesmo que se ela não estivesse morta, a levaria para ser sua esposa. 
 
Ele então percebeu que tinha esquecido a sua faca (feita de taboca) e gritou para um de seus companheiros trazê-la, o que ele não fez, pois estava muito ocupado cortando e carregando as inúmeras vítimas. Para verificar se a menina tinha realmente falecido, o Juma a bateu com um pau, escutou suas batidas cardíacas e colocou um pedaço de capim em suas narinas. A jovem não reagiu em nenhum momento.

Convencido, ele a cobriu de paus e foi buscar sua faca. Assim que ela ouviu os passos dele ao longe, jogou no mato os paus podres que a cobriam, saiu correndo e se escondeu dentro do buraco de um pássaro, em uma árvore. Ao retornar, o Juma foi incapaz de achá-la, e depois de um longo tempo a sua procura, resolveu ir embora. A jovem então saiu do buraco e foi andando pela floresta, onde encontrou dois animais mortos e forrados no pé de uma árvore, que ela então subiu. Um homem chegou carregando diversos macacos mortos, pois ele havia saído para caçar antes do massacre. Ela gritou lá de cima da árvore para chamar sua atenção, mas ele não quis olhar. Ela contou que os Juma tinham matado todo mundo, e só tinham sobrado eles dois.

Descendo da árvore, a jovem falou para o homem ir buscar a linha de algodão que ela havia tecido e a farinha branca (iawa) que estavam sobre sua rede. Chegando na aldeia, ele pegou a linha e a farinha e já de saída gritou: “tem alguém ai?”. Um Juma respondeu: “está faltando um”. Ele saiu correndo até onde estava a jovem e os dois continuaram andando na floresta. Ela fez duas redes com os fios de algodão e depois prepararam o jantar. A jovem casou-se com o homem e ambos ficaram morando escondidos dos Juma. Tiveram vários filhos, e quando estes cresceram, o pai explicou-lhes que eles deveriam se casar com suas próprias irmãs, o que eles fizeram. Todos tiveram muitos filhos e seu povo cresceu novamente.

(Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/jarawara/617)


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