02 abril 2013

Programa Terra da Gente na Reserva Rio das Furnas (Parte 1)

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Lugares intocados no Sul do Brasil
Programa Terra da Gente desta semana vai à Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul em busca de um paraíso verde

Um paraíso verde, morada das mais diversas espécies de bichos silvestres. É para esse refúgio, em Alfredo Wagner, interior de Santa Catarina, que o programa Terra da Gente leva os telespectadores neste sábado, 30. E o mais curioso desse lugar é que ele só ficou assim graças à paixão de um casal em preservar a natureza. Um cantinho particular, que é cuidado simplesmente para proteger a mata. Há dez anos eles se mudaram para a floresta. Na casa onde vivem, tudo é feito para conservar o meio ambiente. Em volta do terreno, pastagens inteiras foram transformadas em áreas rodeadas de vida, onde poucos humanos têm autorização de entrar. Caminhar na mata é um presente.

Morada no meio da mata


Um riozinho tranquilo corta Alfredo Wagner, no interior de Santa Catarina, primeiro destino da viagem do TG desta semana. Logo na entrada da cidade, o portal indica o motivo para a visita: "Capital das Nascentes". O lugar que a equipe quer conhecer fica na zona rural. Mas ao contrário da maioria das propriedades, dedicada à agricultura ou à pecuária, lá só se produz uma coisa: natureza. Trata-se da Reserva Rio das Furnas. Boa parte das águas que banham a cidade vem de lá.

A dificuldade de acesso já demonstra que a área tem uma vocação explicita, a de renovar continuamente a natureza. Cada árvore é muito preciosa. Na serra brotam três importantes rios catarinenses: o Cubatão, o Tubarão e o Itajaí. Na estrada logo vê-se que pouca gente passa por ali. É preciso trocar de carro para seguir viagem. O caminho parece um filtro, que faz deixar para trás toda a rotina da cidade, até que se chega ao paraíso.

O destino final é uma casa, aconchegante, decorada com coisas simples, e que mantém a tranquilidade do ambiente que a cerca. Nela, há 10 anos, vive o casal Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka, que optou em montar uma reserva particular para morar. E tudo por lá reflete essa preocupação. Antes de cozinhar, por exemplo, um passeio pelo quintal garante a lenha. Ela é retirada da exótica plátano, árvore trazida pelo antigo proprietário do lugar. Tudo para não mexer no ambiente natural da reserva. "Cada galho seco no chão faz parte do ciclo da vida, precisa apodrecer no chão para que ciclo seja completo", explicam os donos do lugar.


Assim como um fogão a lenha, lentamente, cria sabores refinados, o cuidado paciente e contínuo tem ressaltado a beleza do lugar. Há alguns anos, parte da Reserva Rio das Furnas era pasto. Ao redor da casa, tudo era pisoteado pelo gado. Mas hoje, 100% do antigo pasto está em avançado processo de recuperação. No início deste processo 2 mil árvores foram plantadas e muitas vingaram. E a própria floresta também reage aos poucos. As araucárias nascem com facilidade até mesmo nas trilhas. E, aos poucos, os bichos também respondem a este cuidado. A prova disso tem sido registrada por câmeras que fotografam sozinhas quando os bichos passam. Tudo foi instalado com ajuda de uma ONG que pesquisa a vida selvagem.

As caminhadas pela reserva sempre são premiadas com cenários ricos em água. Muitos dos caminhos levam às belas cachoeiras que estão nas cabeceiras do rio. São sete quedas d'água, como a dos Três Saltos, que virou símbolo da reserva. Ou então a Cachoeira dos Andorinhões. Nela a água despenca por 100 metros, até alcançar o chão abaixo das furnas, que é o nome dessas lages de rocha aparentes nas montanhas. Até as pedras têm um ambiente especial.

Seguindo a água, surge uma piscina convidativa para um mergulho. E o ingazeiro, que cresce às margens, ajuda a conhecer um pouco mais da vida deste lugar. Os frutos atraem dezenas de piabinhas. Depois de pegar confiança elas vêm comer na mão e cercam os visitantes por todos os lados.


A Reserva Rio das Furnas ocupa o cânion logo na cabeceira. São 53 hectares. Ou melhor, mais de 5 bilhões de cm² . E cada mínimo espaço é repleto de vida. O pequeno ninho de caranguejeiras pode provocar medo em algumas pessoas. Mas muitas delas, provavelmente, vão servir de proteína para as aves. Lagartas também inspiram cuidado, mas vistas em detalhes, esbanjam beleza.

E em uma cerejeira, um falso espinho esconde um inseto bem curioso. Debaixo da proteção, que parece um chápeu de duende, o bicho sereia se alimenta da árvore. No mesmo ambiente, xaxins gigantes revelam o grau de preservação do lugar. Eles crescem de 3 a 5 centímetros por ano. Com esse indicativo é possível afirmar que no ponto onde está a equipe do TG há plantas centenárias.

Horas de caminhada


Trilhas bem definidas e com vegetação. Isso significa que pouca gente passa pela Reserva Rio das Furnas. A visitação é restrita a pesquisadores, como o fotógrafo Rudimar Narciso Cipriani, que acompanha a equipe do TG. Ele já fotografou quase 400 espécies diferentes e busca lugares assim para encontrar novidades. A primeira que encontra é muito comum na região: a gralha-azul, uma ave que ajuda a dispersar as sementes da araucária. Elas são muito ariscas, percebem a presença dos visitantes há dezenas de metros e se afastam. O pica-pau-anão-barrado não para. Busca comida por todos os lados de um pequeno galho. Em uma clareira, um canto diferente, e o fotógrafo Cipriani já seleciona a voz da ave no aparelho de playback. É o matracão, que vem curioso, mas mesmo assim, se esconde entre os galhos, abusando de sua camuflagem rajada. O encontro é muito especial, já que o fotógrafo ainda não tinha o registro dessa ave.


O lugar é fantástico para descobrir novas espécies. Renato Rizzaro, dono da reserva, também é fotógrafo. Ele diz que em sua propriedade é possível encontrar quase 40% de todas as espécies encontradas em Santa Catarina. Há 12 anos morando na região, ele já conseguiu registros fantásticos.

Rizzaro e sua mulher, Gabriela Giovanka, fazem questão de aproveitar tudo o que existe na mata para a educação ambiental. As fotos dos pássaros motivam atividades em escolas. Da reserva ninguém leva nada, mas o que se produz ali pode ter influência também na vida de quem mora longe deste lugar. "Produzimos sombra e água fresca", brincam os donos da reserva. Benefícios que transcendem a distância, e também o tempo. A continuidade deste trabalho pode garantir que novos xaxins possam nascer e se tornar centenários. Que a imbuia garanta sombra nos próximos séculos e que o exemplo de conservação possa sensibilizar um número incontável de gerações em benefício da natureza.

2 comentários:

Juli disse...

Muito bom o vídeo. Deu medo das aranhas, mas elas vão servir de alimento para muitas aves!

Unknown disse...

Olha outra giovanka no mundo :3

Adorei o site.