24 janeiro 2012


Você sabe o que é uma janela cega. Pois então, todas as janelas da casa da Reserva eram assim, cegas, sem vidro, ou fecha e fica escuro ou abre e entra luz, chuva, vento...
Oito das dez foram substituidas por janelas com postigos, com ventilação e vidro, mas duas estão ainda lá, bem na frente da casinha, na sala. Isso para mostrar para os visitantes como eram as originas, pregadas, sem parafuso coisa nenhuma, era tudo na base do martelo.
Estavam quase todas em péssimas condições, atacadas por brocas e principalmente pela ação do tempo, detonadas mesmo, mas duas delas viraram baú, este aí de cima. Ficaram pra contar história.
Dentro tem lenha, a pouca que a gente consegue agora, depois que a SPVS nos orientou a não tirar o alimento da terra em forma de galhos que recolhíamos na beira das trilhas. E tem resultado nisso, sim! As plantas agradecem e depois, a gente tem um plátano muito gentil que nos fornece lenha para o inverno, com seus galhos caindo de vez em quando ou secando e cortando. Tem mais exóticas para cortar, sim.
Enquanto isso o baú vai enchendo de histórias, vazio de lenha qualquer. De vez em quando também tem poda no pessegueiro, na laranjeira, no limoeiro e vai tudo pro baú.
Teve também o tempo em que fomos reformar a casa, esse já andei contando por aqui, carece de mais palavra não, mas o baú, sim. As janelas viraram lenha, assim como muita madeira da casa, menos aquelas muito podres, ritual noturno até que apareceram os pirilampos, puxa vida: pensaram fosse luz e houve uma tristeza enorme aquela noite, porque voavam contra o fogo. Apagamos a ideia de fogueira rapidinho. Queimar coisa, só de dia. No baú, pode sentar.

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