Picumnus temminckii - Pica-pau-anão-de-coleira - photo Renato Rizzaro
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O News que enviamos em julho de 2008 - Duelo caprichoso - descrevia o duelo caprichoso entre dois Pica-paus-dourados. Helmut Sick, nosso guia, descreveu esse ritual somente para o Pica-pau-anão-barrado, espécie que não ocorre em Santa Catarina. Aqui está o ritual dos anões-de-coleira.
Os dourados eram lentos, minuciosos nos movimentos; os anões são lépidos, procuram a sombra das alturas e sua coreografia é silenciosa. Enquanto os machos desenvolvem o ritual, as fêmeas ora acompanham de perto, quase envolvendo-se na dança, ora afastam-se, charmosas. O dueto as vezes se aquieta; um vasculha galhinhos, pica, faz rodeios; o outro observa, segue. De repente juntam-se e o duelo continua, intenso.
Circularam num raio de 50 metros, de árvore em árvore, acompanhados pelas fêmeas e pelo fotógrafo. Mansos, não somem quando perseguidos, até posam para a chapa, creia!
Sick nos ensina que os pica-paus-anões estão entre os mais energéticos batedores e têm pés relativamente gigantescos. Forrageiam sobretudo nas pontas dos galhos, ramos e cipós finos e geralmente secos à procura de formigas, um nicho ecológico livre.
Dormem sempre em ocos, onde se abrigam da chuva pesada. Começam tarde suas atividades, não sendo madrugadores.
O mestre Sick continua: o reflorestamento com pinus e eucaliptos não favorece a existência de pica-paus o mesmo acontecendo com capoeiras nativas, nas quais faltam árvores maiores para a instalação de seus ninhos.
Os pica-paus são bastante sensíveis aos inseticidas. A existência de pica-paus pode até servir como indicador de que a respectiva biocenose (do grego bios, vida, e koinos, comum, público) continua intacta.
Vítor Piacentini, em resposta ao nosso News, acrescentou:
Curiosidade: biocenose é por vezes "traduzida" como assembléia de espécies, e pode ser entendida como o conjunto de espécies que habita determinado lugar. Há inclusive variantes, como anurocenose, fazendo clara referência - neste caso - não à todas as espécies do local, mas somente às de sapos, rãs e pererecas. Mesmo ornitocenose existe, embora pouquíssimo utilizado.
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