19 março 2011

Os Bugios querem voltar

Bugios na Serra do Corvo Branco/Urubici. Foto Renato Rizzaro
Bugios do outro lado do rio! O urro, forte e assustador, lembra um urso, daquele que aparecia na sessão da tarde.

Certa vez, acampados na Pedra Branca, na cidade de Alfredo Wagner/SC, no sítio do Seu Francisco, ouvimos bugios bem de perto. Os urros vinham de uma fenda, que no dia seguinte escalamos. A partir daí passamos a conhecer muito bem a voz desse bicho.

Há tempos, anunciamos a todos os moradores de nossa comunidade, em São Leonardo, que gostaríamos de fotografar ou ver um Bugio. Depois de alguns dias, veio o telefonema do Beto, filho do Areni: Mico na área! E lá fomos nós, na tentativa de capturar uma grande família, pelo jeito. Chegamos de mansinho, os guaribas estavam lá, e tinha o berreiro. Cruzamos roças, subimos encostas, na esperança de um contato. Chegamos bem em baixo de onde estavam e... silêncio total. De fininho embrenharam-se morro acima, deixando o gostinho da presença e só. Teve outra chance.


Um dia veio o telefonema do Seu Niti, pai do Nego. Lá fomos nós: equipamento, Toyota, desce morro e dá-lhe roças e furnas acima, a pé. Mais uma vez chegamos perto, no entanto nada de guariba. Nem adiantou ficar horas na espera de algum movimento. Sumiram na floresta, fendas e árvores acima.


Em setembro de 2009, logo após a visita do pessoal da Chauá/SPVS para o levantamento do nosso Plano de Manejo tivemos outra surpresa. Daquela vez dentro da Reserva Rio das Furnas. Perfeito!


Os urros vinham do fundo do canyon, na direção da Cachoeira dos Três Saltos, exatamente onde víamos o Urubú-rei, numa das mais altas árvores. Bárbaro!

O Bugio-ruivo
(Alouatta guariba) vive na floresta, no topo de árvores altas, em bandos de até doze, liderados por um macho adulto. É o dono do urro que ouve-se de longe, marca território, especialmente em dias chuvosos.

Guaribas são vegetarianos, gostam de comer folhas, sementes e estróbilos (parte sexual masculina) do Pinheiro
(Araucária angustifolia). São boas-vidas, descançam o dia todo e movem-se lentamente; raramente pulam de galho em galho. A cada parto, um filhote, que fica nas  costas da mãe por um bom tempo.

Dizem que tinha muito Bugio em nossa cidade, escafederam-se por conta da caça e destruição das florestas. Agora, parece que o canyon da Reserva Rio das Furnas atraíu uma família. É cedo para festejar, pois não é sempre que ouvimos os urros. Mas que marcaram presença, ah, isso sim! Bem marcada, pois ouvimos várias vezes e perguntamos ao vizinho que confirmou sem pestanejar: foi ronco de Bugio e tem maloca por perto.


Nosso sonho é ver construido um corredor por onde a fauna das Serras da Boa Vista, Faxinal, Geral e do Tabuleiro possam transitar tranquilas. Caso contrário, sobra pinus, pasto e a fatalidade para animais atropelados, atacados por cães ou enroscados em arame farpado. Do jeito que vai, não tem volta.


Texto e foto (tirada na Serra do Corvo Branco, em Urubici) de Renato Rizzaro - Reserva Rio das Furnas (www.riodasfurnas.org.br)

Fonte: Ana V. Cimardi - Mamíferos de Santa Catarina

18 março 2011

Pedras no caminho

A primeira tentativa de remover a pedra foi na base da alavanca, mas quem disse que mexia alguma coisa? Bem pouquinho porque a pedra é chata, e chato, todos sabem como é difícil de mexer...

Bom, umas duas outras pedras a gente conseguiu tirar na base da alavanca, mas essa aí, nem pensar. Amarrada no para-choque da Toya foi a segunda tentativa, frustrada, já digo. A pedranca nem aí e o parachoque entortou! Depois de algumas horas daqui e dali, amarramos (eu e a Gabi) a corda na pedra depois de levanta-la um pouquinho conseguimos que a pedra virasse de lado, um pouco, o suficiente pra passar pelo lado de dentro da estrada.

Este é um trecho critico de acesso à Reserva e tem mais pedras que vão rolar. É o verdadeiro Rock and Roll, hard e punk na hora de remover.
Como a gente é teimoso, tira daqui, rola de lá e entramos e saimos da Reserva tentando manter o bom humor e sem pressa, porque nunca se sabe o que tem no caminho... Puro exercício de humor, paciência e física.