20 fevereiro 2017

Bugio ao lado da casa na Reserva




Fevereiro de 2016 - Dia chuvoso na Reserva.

Num momento de abertura paro na janela com a câmera na mão, procurando um ângulo qualquer para bater uma foto e eis que os galhos se movem freneticamente.

Uma Irara? Quati no caqui?

Para espanto e surpresa, era um belíssimo Bugio (Alouatta guariba) filmado na hora certa!

Veja o video: http://youtu.be/JCT8whH1zYQ

10 janeiro 2017

Rapte-me camaleoa



Este quase peguei na mão, enquanto fazia manutenção na Trilha do Puma atravessada por uma árvore derrubada pelo vento, o camaleão pegava um sol e toquei-o sem ver. Deu uns passos mas continuou por ali.

Depois de uma boa conversa lhe disse iria pegar a câmera, que me esperasse para tirar um retrato. Contei com o gnomo que existe dentro de todo camaleão e sai ajeitando uns galhos aqui, umas folhas ali, até pegar a câmera, coisa de 500 metros dali. Tinha certeza de que ainda encontraria com o menino. Sei que é menino porque tenho a foto de uma menina com o dorso marrom com uma listra branca.

Voltei e lá estava, na mesma posição. Bati umas chapas e quis chegar perto, achando que seria confiado o suficiente para que ficasse ali para uma melhor pose, puro engano. O rapaz sentiu que a mão vinha em sua direção e tchumbas, um só pulo levou-o mais longe que pôde e escafedeu-se pela primeira brenha e nem deixou pista. Chance demais, não achas?

Uma imagem nem sempre diz tudo e algumas palavras, para quem lê, pode dar um temperinho ou até mesmo uma certa distração, não é mesmo?

16 novembro 2016

Lagarto com banana



As criaturas do jardim da Reserva vivem de olho na gente, vai que sobra uma banana...

Tratar um lagarto com banana pode faze-lo apaixonar-se... pela banana. Nem imaginas o que pode acontecer depois! Conto como foi, espia.

No final da hibernação o lagarto fica pra lá de magro e carrega no corpo uma fina camada de argila que o deixa pálido, fosco, com aquele aspecto de doente. É a hora perigosa, o cara está vulnerável. Porém, a coisa muda radical depois de um belo banho de sol.

O bicho incha, os olhos brilham, a cutis descasca e sai dali um poderoso animal com fome de trinta e agilidade de vinte.

Pensei: tadinho, vou dar umas rodelas de banana pra alegrar o bichinho, dei. Uma vez, a alguma distância, engoliu satisfeito. Mais umas rodelas e pronto, virou a parar na porta de casa, esperando mais.

Dias após e já era flagrado pronto pra subir uns degraus e bisbilhotar a cozinha. Se fez íntimo. Ficou esquisito quando pensei em oferecer a bananinha na mão e o bichoxo partiu pra cima de mim a duzentos por hora, quase me atropelou! Assustei.

Um dia ficou em pé e correu com a Gabriela. Um cara desse em pé, já viu? Esticado no chão é comprido mas, vá lá, é baixinho, não passa de alguns centímetros. Em pé, com mais de metro e correndo a mil por hora? Surtou.

Depois disso, parei. Chega de mimo, só conversa e a liberdade de ir e vir na varanda e passear em volta de casa, até esquecer da banana e ver que a composteira estava mais interessante do que a gente.

07 setembro 2016

Pasto para novos bichos



Em 2001 isto era pasto de gado. Hoje continua pasto, só mudaram os pastores e o gado foi substituído por mamangava, abelha, mosca, vespa, tatu, taturana, quati, graxaim, serelepe, saíra, tecelão, serpente, aranha... é tanto bicho!

O Coqueiro-jerivá do primeiro plano ainda não sabe o que é flor mesmo com seus metros e tantos de altura e o Xaxim-bugio, sapecado pela última geada, bota verde no meio da coroa queimada.

Tem Pitanga, Chapéu-de-couro e Gunnera bebendo da fossa. Atrás, vem Bracaatinga, Bambú, Vassoura, Pau-d'água e Araucária. E tem Plátano, desde que era só a sombra no pasto e agora vira lenha, ninho de Pica-pau, Arapaçu e passarela de ouriço. Tudo junto, aqui e agora.

Abrir a janela de manhã sempre é uma aventura. Pode-se topar com um jovem Bugio esfregando-se no Cedro a fazer careta para a tua câmera, surpreender-se com o céu anil, a lua enorme, o sol poente, Gavião-de-penacho, Surucuá ou Jaguatirica ao meio-dia.

Há cromoterapia, sim, com excesso de verde, já nos disseram... e os tons? Já reparou quantos tons de verde? O vermelho explode no Mulungu e ainda tem amarelo, roxo, lilás, carmim, púrpura...

Agora que tudo virou sombra e água fresca, da qual nos orgulhamos ser produtores, a Reserva deixa-se escorrer para o Vale do Itajaí e por tabela alimenta os rios Tijucas, Tubarão e Cubatão com a água da Serra da Boa Vista.

Em 2001 isto era pasto...

21 abril 2016

Conexão Planeta: O voo da Roda de Passarinho pelos biomas do Brasil


Renato cresceu em meio aos passarinhos. Mesmo vivendo na cidade grande, havia muitas aves na casa onde morava no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Eram atraídas ali pelas árvores frutíferas plantadas pela mãe, apaixonada pelos pássaros. Quando Renato e o irmão queriam comer frutas, a mãe dizia: “Pode deixar que eu compro, as dos pés são para os passarinhos”.  Renato diz que a mãe tinha um dedo verde, pois amava anatureza. Mal sabia o menino de então que, assim como a mãe, décadas mais tarde, a adoração pelas aves também faria parte de sua vida.
Fotógrafo autodidata, Renato Rizzaro trabalhou com propaganda e marketing durante muitos anos. Ainda jovem, saiu de São Paulo e rumou para Santa Catarina. Aos poucos, foi tentando inserir a educação ambiental na publicidade. Mas como eram ações pontuais, sentia que não conseguia desenvolver o que realmente queria.
Foi necessário o encontro com Gabriela Giovanka, sua parceira há 18 anos, para que Renato recebesse o impulso que faltava para largar de vez o mundo da publicidade e abraçar a educação ambiental. Mesmo sem perceber. Assim como ele, Gabriela gostava da natureza, e juntos, em 2001, compraram um pedaço de terra no município de Alfredo Wagner, na Serra da Boa Vista, a 80 km de Florianópolis. “Logo notamos que era um lugar muito especial. A área é um canyon e nela estão nascentes de diversos rios da região”, conta Renato. “Nossa mudança foi radical. Abandonamos o mundo da cidade e nos embrenhamos no meio do mato, como sempre imaginamos que deveria ser”.
Cientes de que aquela era uma área que deveria ser preservada, mas sem experiência para fazê-lo, o casal buscou parcerias com universidades e organizações não-governamentais ligadas ao meio ambiente. Depois de muito trabalho, em 2002, a propriedade, que tem 53 hectares, foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e passou a ser chamada de Reserva do Rio das Furnas. Nela, já foram identificadas mais de 200 espécies de aves. Segundo estudos, na reserva há ocorrência de diversos tipos de vegetação e por isso, oferta de frutos, flores e insetos variados, o que torna o local um refúgio ideal para pássaros.
Aos poucos, Renato e Gabriela sentiram a necessidade de incluir a comunidade local em atividades realizadas na reserva. Convidaram moradores a participar da limpeza de rios, do plantio de orgânicos. “Também fiz algumas exposições de fotografia para mostrar aos moradores a importância da preservação da natureza”.
Mas foi na escolinha da vila, que o casal vislumbrou uma oportunidade sem igual: envolver as crianças na questão ambiental. Uma vez por mês, voluntariamente, se reuniam com elas. Levavam livros de Botânica, slides, fotos, binóculos. Cantavam e tocavam instrumentos. Sempre em roda. “Nos dias em que chegávamos na escola, a gurizada já fazia festerê porque sabia que a gente ia desmontar a sala de aula”, brinca Renato. “Sempre tínhamos também uma saída para fora da sala de aula. Levávamos os alunos para a Reserva Rio das Furnas, para fazer a conexão das crianças com seu meio”.
Foi então, naturalmente, que nasceu o projeto Roda de Passarinho. Renato e Gabriela perceberam que o que as crianças mais curtiam e se encantavam eram com os pássaros. “Pouco a pouco, fomos aumentando nosso arquivo fotográfico com aves para poder compartilhar com elas”, revela o educador. As fotos eram feitas na reserva, que Renato considera seu mais importante laboratório.
Em 2010, entretanto, uma tempestade quase levou abaixo a iniciativa. A chuva foi tão forte na região que houve deslizamentos na reserva e muito foi destruído. Inclusive, o acesso a Rio das Furnas. Desolado, o casal decidiu colocar o pé na estrada. Quando estavam no Uruguai, em um rompante, pararam numa escola e ofereceram fazer uma Roda de Passarinho. Numa caixinha de madeira, estavam todas as fotos dos passarinhos, registradas por Renato, em Rio das Furnas. As crianças uruguaias adoraram a atividade!
E desde então, a Roda de Passarinho não parou mais. A Toyota Bandeirante foi transformada em casa, e com ela, Gabriela e Renato cruzaram o Brasil de Norte a Sul. Já passaram pelos mais diversos biomas brasileiros: Pantanal, Amazônia, Pampa, Cerrado e Caatinga, esta última, realizada em 2015, graças a um crowdfunding. Em cada um destes lugares visitados pela expedição, além da atividade educacional nas escolas públicas locais, o fotógrafo registrou os pássaros da região. A partir deste material, que contou com a colaboração de outros fotógrafos também, foram produzidos posters com imagens e informações das aves nativas destes biomas.
Muitas foram as experiências inesquecíveis, guardadas na memória destes dois apaixonados por aves. Uma delas aconteceu em Jatobazinho, no Mato Grosso do Sul, uma comunidade isolada, a duas horas de barco de Corumbá, navegando pelo rio Paraguai. “Jatobazinho é uma experiência que todo mundo devia ter. Foi uma Roda de Passarinho emocionante!”, relembra Renato.
E agora, qual o próximo voo da Roda de Passarinho? “Nosso maior objetivo hoje é distribuir estes posters das aves em todas as escolas brasileiras”, revela o fotógrafo. “Imagine todo este material na mão das crianças: fotos, vídeos, gravações de áudio?”.
Sim, Renato, conseguimos imaginar. Vai ser simplemente lindo!

02 março 2016

A viagem da Reserva no Instituto Federal Catarinense

Preparando nossa apresentação no auditório do IFC
18 de junho de 2015 conhecemos o Campus do Instituto Federal Catarinense - IFC em Rio do Sul, convidados pela nossa querida amiga, a professora Marja Milano. Apresentamos a Reserva Rio das Furnas na Semana de Estudos Especiais a uma turma animada em quase duas horas de projeções e um bate-papo animado.

No final da apresentação a tarrafa de roda girou na mão dos alunos


Muito interesse e contatos foram realizados neste evento

01 outubro 2014

Roda de Passarinho Potiguar

Janethy Pereira, futura professora em saída de campo, Acari, RN. Foto Renato Rizzaro

email da Professora Midori Hijioka Camelo nos deixou atônitos! Apresentar a Roda de Passarinho para futuros professores de Física, Química e Biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ainda sair à campo na Caatinga? Após alguns meses trocando mensagens, repartindo ideias e intenções, rumamos a Natal em agosto com penas, pele de cobra, sementes, tarrafa, pião indígena, flautas de taquara, posters das aves, fotos, guias de campo, binóculos, cadernetas preenchidas por crianças e 60 em branco, especialmente para esta atividade.

Após aconchegante acolhida por nossa anfitriã Midori, partimos ao Centro de Educação da UFRN onde nos esperavam mestres empolgados e super organizados: a própria Midori, Josianne, Lucrécio e Marlécio que cuidaram desde o local para apresentarmos nossas primeiras atividades, à liberação da van e das reservas na Pousada Gargalheiras, estupenda escolha onde comemos e dormimos, ao luar e uivar dos ventos, antes de partirmos para a Caatinga.

A escolha do Parque das Dunas para a Roda foi espetacular! Em dois dias, anteriores à saída de campo, apresentamos para mais de 40 pibidianos o que aprendemos com a Reserva, com as nossas crianças e as expedições aos biomas brasileiros, nestes 13 anos dedicados à conservação e preservação ambiental.

Agradecemos a estes mestres da UFRN, e aos pibidianos, pela oportunidade de repartir, experimentar e conviver durante uma semana que, sinceramente, gostaríamos fosse espichada. Porém, como escreveu Vivianne Araújo, uma das participantes da Roda: “o tempo voou, igual a liberdade do voo da aves, de tão interessante e prazerosa que foi a atividade”. 

Ler as Cadernetas de Campo recebidas pelo Correio, depois de um mês, foi emocionante. Veja alguns trechos:

“Mesmo sem ter uma receita de como compartilhar, foram criando, redescobrindo, reinventando uma nova maneira de repassar o conhecimento. Na saída de campo libertei meu lado aventureira, deixei aflorar minha criança interior, esquecendo dos problemas e só admirando minha região, por vezes esquecida”. Maria Danielle P. Freitas 

“Fiquei maravilhado com o projeto, iniciativas de educação ambiental como esta deveriam se popularizar mais”. Michel Carlos Bezerra

“Algo que me marcou: as atividades desenvolvidas com os alunos, os desenhos que cada um fez, a criatividade dos caderninhos idealizados por vocês”. Francisco Ismael

“Foi uma experiência única, e podem ter certeza, que a mesma será repassada aos meus alunos, colegas e amigos”, Tuany Mariah

“Excelente oportunidade para aprender novas didáticas para buscar a atenção e interesse dos alunos”. Andrielly Campos

“Quando falaram sobre Roda de Passarinho, imaginei muito trabalho, pesquisa sobre espécies... mas o que encontrei foram pessoas legais com ideias muito da hora”. Edson Araújo

“Como profissional da Educação, vejo que precisamos valorizar cada vez mais a vida! A dinâmica foi fantástica e interessante para ser trabalhada nas escolas”. Joanna Freitas

“Entrei na Roda!... No sentido do coração”. Cassiana de Souza.

“A experiência me trouxe uma forma de aprendizado e de ensino diferentes, podendo abordar em vários aspectos durante minha jornada, tanto de aluno, quanto de professor”. Samyr Saraiva

“Com a Roda pude perceber métodos lúdicos que passo, sem dúvidas, a aplicar em sala de aula”. Antonio Alexandre

“Quando penso que seria mais uma exposição de fotos de pássaros, me surpreendo com a quantidade de cultura e experiência compartilhada...”. Rubens Paiva

“Vi fotos de animais que só conhecia através de desenhos animados”. Robson Rodrigues

“Estava muito empolgada com a Roda de Passarinho, mas superou a minha expectativa em 200%!”. Walleska Juliane C. Leite