Jacuaçu (Penelope obscura) fotografado por Renato Rizzaro na Reserva Rio das Furnas |
Cachorro! Gritaram os alunos ao som do playback do Jacu. Dizem que sua voz se parece com o rufar de tambores, pra nós a gurizada está certa. Jacu late. Extremamente arisco, estático quando percebe um mínimo movimento, quando voa é estabanado, não raro tromba nos galhos entre dois pontos onde resolve cruzar. Temos uma foto onde ele parece um espanador atravessando o espaço. Contudo é elegante e prefere caminhar nos galhos e no chão.
Monógamo, o casal acaricia-se na cabeça como fazem os papagaios; come frutas, folhas e brotos; caça moluscos, gafanhotos, pererecas, porém algum tupi apressado batizou o bicho de Jacu, quer dizer o que come grãos. Os da roça chamam jacu-véio. Por conta do papo?
A ninhada de dois ou três já nasce de olho aberto e excitada, abre e fecha a cauda, sacode a cabeça como os adultos e na presença do homem acelera estes movimentos ao máximo.
Aracuã, jacutinga e mutum, seus parentes, são o que de mais nervoso e barulhento existe na Natureza. Exageramos. É um dos grupos mais ameaçados da América Latina, segundo Helmut Sick. O Jacu praticamente desapareceu de São Paulo por conta da destruição das florestas e da caça indiscriminada.
Certa vez, Fritz Müller escreveu a Darwin: “No inverno frio de 1866 apareceram tantas jacutingas nas baixadas do rio Itajaí que, em poucas semanas, foram mortas aproximadamente 50.000”. Leia: CINQUENTA X MIL.
Hoje, esse parente do Jacu é raríssimo em Santa Catarina, a História foi esquecida e nós humanos seguimos seguros de que somos os únicos a merecer a eternidade.
Mas um Jacu ainda late...