Stephanoxis lalandi | Beija-flor-de-topete | Plovercrest | photo Renato Rizzaro |
Dia nublado e muito frio, caminhamos pela trilha à beira do Rio das Furnas e um fantástico zumbido em torno de uma Bracaatinga chama atenção: um banquete na Floresta!
Época de poucas flores, o excremento dos pulgões é a salvação para insetos e beija-flores que chegam a montar guarda ao lado de “sua” árvore, enxotando os invasores.
Pulgões sugam a fina casca da árvore e eliminam o xarope doce por um tubinho através da “fumagina”, acumulação de fungos adubada pela excreção dos próprios pulgões. Esse xarope é a seiva açucarada dos vegetais que passa pelo corpo desses insetos, absorvida em maior quantidade do que podem assimilar.
Vaca de formiga
Por um processo de toque, semelhante à ordenha, algumas formigas também obtêm dos pulgões a valiosa substância. Alimento principal de muitas delas, tendem a proteger suas “vacas” tão conscienciosamente como faz qualquer povo pastoril.
Árvore da vida
Quando as flores disponíveis para a coleta de néctar tornam-se raras, entre maio e setembro, o “mel da casca” é a sobrevivência das colméias catarinenses.
De sabor pouco doce, com uma concentração de minerais em média cinco vezes maior do que a do mel comum, este mel produzido a partir da excreção dos pulgões da Bracaatinga (Mimosa scabrella) também é conhecido como wald honig (mel da floresta) pelos alemães.
Pode ser consumido por diabéticos, pois possui baixo teor de açucares; excelente para prevenir gripes; sessenta toneladas deste valioso mel vão para a Europa todos os anos e, mesmo com todas essas vantagens, ainda tem gente derrubando, queimando e transformando floresta em pasto e plantação de pinus.
Um delicioso banquete que poderia durar toda vida.
Fontes Helmut Sick, Eurico Santos